Bati mesmo fundo, ontem não aguentava mais. Ontem não era eu, já não sabia mesmo quem era.
Aqueles pensamentos suicidas, o filme que passava na minha cabeça, aquele céu azul que reflectia algo que eu não sentia, paz, sossego e carinho. Esse céu, que tal como o meu sorriso esconde o que realmente se passa, esconde o que realmente sinto. Pedi apenas, se alguém se lembrava de mim, do que estava a sentir, se Deus ainda me amava e sabia que eu não estava bem, que o céu reflectisse o que sentia. Que o céu percebesse o que me ia na alma e no coração.
Passaram vinte minutos e o céu escureceu, deixei de ver o Sol, senti o vento gelado a cortar-me a pele, tal como aquilo que sentia me mutilava aos poucos, me cortava e despedaçava o coração.Deus é perfeito e sabe o que faz. As coisas são tão lindas e perfeitas, mas nós complicamos sempre, arranjamos sempre um senão, um não sei bem. Perdi-me, a culpa foi minha, não fui sincero com o que sentia, não falei quando devia, sempre fui assim, depois deixo-me corroer a mim próprio e martirizo-me com o que não falei, com o que me ficou entalado. Mas Deus fala na boca de quem quer e como quer, para nos mostrar que não somos nada, que como ele alimenta as aves do céu, como ele pintou o céu e molda cada nuvem para o seu enfeite, assim ele não nos desampara.
Na minha cabeça já não passavam coisas boas, o fim não é algo bom, querer por fim a uma vida muito menos, mas era o que sentia, no que pensava. Por fim à minha vida. Corria a passos largos para o abismo, porque desta vez, tinha guardado de novo o que sentia para mim, e tinha medo de perder uma pessoa, uma mulher, a mulher da minha vida. Tive receio de a perder, sim o meu maior medo é perder os que amo, e ela é tudo na minha vida. Amo-a de verdade. Não a quero perder por nada. Mas para mim ontem acabava tudo, mas Deus disse que não, apenas mudou uma página da minha vida, e vamos começar a escrever um capítulo novo... o capítulo da minha vida, do meu sonho, do que não tive na minha infância...
